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A Arte de Acender Vidas: Entre a Menorá e o Coração

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Expressões são sinônimos de sentimentos e constantemente as exercemos para nos relacionarmos. Pensamentos fluem, muitas das vezes sem que consigamos filtrá-los a tempo, e logo se tornam expressões através das palavras — algumas vezes de maneira positiva, com grandes chances de impulsionar e elevar pessoas ao nosso redor; outras vezes, não temos noção do mal que tais expressões carregam, até que elas se tornem um juízo expresso em nossas vidas.

“A vida e a morte estão no poder da língua” (Mishlê / Provérbios 18:21).

A Parashá Behaalotechá começa com instruções divinas a respeito do acendimento da Menorá ao sacerdote Aarão.

“Fala a Aharon, e dize-lhe: Quando acenderes as lâmpadas, para a face do candelabro alumiarão as sete lâmpadas.” (Bamidbar / Números 8:2)

A palavra “levantar” (Behaalotechá) é usada em vez de "acender", porque a tarefa de Aarão deveria ser a de elevar cada alma, ajudar para que cada um conseguisse revelar o potencial que havia dentro de si.

Rashi (Números 8:2): “Por que está escrito Behaalotechá (quando fizeres subir)? Porque a chama deve subir sozinha, e por isso o sacerdote acende até que a vela esteja firme por si.”

No entanto, em uma conversa informal entre Aarão e sua irmã Miriam, o potencial máximo de seu irmão Moshé tornou-se ofuscado, apesar de expressamente não ter havido más intenções.

“E falaram Miriam e Aharon contra Moshé [...] E o Eterno ouviu.” (Bamidbar / Números 12:1-2)

No momento em que sua luz deveria brilhar intensamente, Aarão permitiu-se obscurecer diante do comentário de Miriam com relação ao seu irmão Moshé.

Nos enganamos quando pensamos que nossas opiniões pré-concebidas terão alguma influência em mudar a vida das pessoas. Erramos quando observamos as limitações alheias e apontamos suas falhas com o objetivo de “ajudá-los”.

“Não julgue o teu próximo até que te encontres no seu lugar” (Pirkei Avot 2:5).

Miriam foi punida abertamente por suas críticas ao seu irmão Moshé. Apesar de suas boas intenções, sua atitude não deixou de expressar um erro gravíssimo. No entanto, ela aprendeu a lição a ponto de seu potencial elevar-se sobremaneira, influenciando diretamente no comportamento e nas vidas de várias mulheres, as quais passaram a ser luz para seus esposos nos momentos de escuridão espiritual.

Segundo Sifri Bamidbar 99, Miriam era profetisa e líder entre as mulheres de Israel — sua influência espiritual foi fundamental mesmo após seu erro.

Então, por que ela foi punida tão severamente?Para nos ensinar que D’us não aplica uma justiça única para todos. Cada indivíduo é julgado de maneira personalizada, de acordo com suas ações e potenciais habilidades. E, para Miriam, em sua posição de liderança na nação, esse comportamento expressado foi considerado pecaminoso.

Rambam, Hilchot Teshuvá 3:3 — “Cada pessoa é julgada segundo seus atos, mas também segundo seu nível e influência.”

A justiça exercida por D’us é única e personalizada para cada indivíduo, com base no que a pessoa é e na posição que ocupa, com base no que o Eterno espera dela.

“A quem muito foi dado, muito será exigido” (cf. Devarim / Deuteronômio 10:12 e comentários de Rabeinu Yoná).

O Talmud ensina que, assim como seus dois irmãos, Miriam morreu pelo “beijo da morte” de D’us. Sua alma era tão elevada que o anjo da morte não tinha poder sobre ela.

Talmud Bavli, Moed Katan 28a — “Miriam morreu por meio do beijo de D’us, mas a Torá não expressa isso claramente por respeito.”

As instruções para Aarão eram para que os três pavios à direita e os três à esquerda estivessem direcionados para a haste central da Menorá. A luz deveria ser irradiada pelo direcionamento central, que era representado pelo próprio D’us — pois nada que se tente fazer nesta vida, ainda que seja apenas participar de uma conversa informal, terá êxito ou fará algum sentido se o Eterno não for o centro de todo o objetivo.

Midrash Tanchuma, Behaalotechá 5 — “As luzes da Menorá voltadas para o centro mostram que a luz verdadeira vem do centro, do lugar da Shechiná.”

“Cada correção vista em nossas vidas, exercida pela divina providência do Eterno, é um sinal de carinho nítido e expresso, exercido por Ele, dizendo o quanto nos ama e como somos especiais para Ele.”

“Pois o Eterno repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem” (Mishlê / Provérbios 3:12).

Aarão, por sua vez, entendeu que aquele degrau que tinha sido posto em frente à Menorá, onde ele estaria posicionado para acender as lâmpadas, deveria impulsioná-lo a ajudar a acender também as chamas de alguém — não apenas acender a chama da sua fé, mas levá-los ao estágio em que não dependessem mais de inspiração externa, e que, a partir daí, conseguissem permanecer acesos até que sua chama se elevasse por si mesma, por conta própria, e fosse capaz de brilhar intensamente sozinha, sem a ajuda constante de outrem.

Rashi (Números 8:3) e Torat Menachem (Rebe de Lubavitch, vol. 3) explicam que o acendimento simboliza educar o outro até que brilhe por si só.

Somos convidados a iniciar essa jornada dando pequenos passos, porém que sejam bastante significativos. Consequentemente, possuiremos confiança interior e, só então, estaremos de fato caminhando em plena luz, em meio a qualquer escuridão.

“Pois a vela é o mandamento, e a Torá é luz” (Mishlê / Provérbios 6:23).

 
 
 

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